Experiência Rockfest: como eu vivi um dos melhores festivais

Faltavam apenas 3 dias para o Rockfest – festival com um dos line-ups mais incríveis pra quem é chegado nas clássicas esferas do rock que englobam do hard ao power metal – e esta que vos escreve já estava bastante desanimada por não ter ganho nenhuma promoção. Com ingressos a preços estupidamente altos e taxas de inconveniência que beiravam o absurdo, somente um milagre me levaria ao Allianz Parque no vindouro sábado. Alô produtoras, me mandem mimos, quero ganhar ingressos para os shows, pô! 

Já convencida de que amargaria mais uma frustração showzística, me deparei com um post patrocinado que prometia sortear 500 pessoas para entrar no festival e ficar num dos lugares mais cobiçados do estádio, a famigerada pista premium. Juntei os poucos cacos de esperança que me restavam e resolvi participar de mais essa, afinal, não custava tentar. Me inscrevi e pedi pra marido se inscrever também, coisa que ele prontamente fez pois como eu, possui bom gosto musical. #Modesta. Ainda no final daquela mesma tarde recebemos a mensagem tão aguardada de que estávamos dentro, mas teríamos que estar num bar próximo ao estádio no período da manhã. Achamos tudo um pouco “diferente”, mas com muita animação decidimos encarar aquela aventura, afinal, na pior das hipóteses amargaríamos nosso sábado num boteco qualquer.

Então o grande dia chegou e comparecemos pontualmente ao local onde dezenas de headbangers de idades variadas começavam a se reunir. Minutos depois formamos uma fila e o tal bar foi aberto. Ao chegar na porta nossos dados foram conferidos e cada um de nós ganhou uma pulseirinha e uma folha com fichas destacáveis que valiam água, refrigerante e cerveja. Sim, ganhamos 5 cervejas cada! Dentro do espaçoso bar de tempos em tempos eram servidos salgados. Nós mal podíamos acreditar! Cerveja, coxinha e um som rolando (convenhamos que os sons que estavam rolando não eram lá essas coisas, mas reclamar, eu? Só se eu fosse muito besta!), tudo na faixa! Que esquenta maravilhoso, meus amigos!

Após algumas horinhas de conversas, brejas e coxinhas, nos organizamos e saímos numa marcha rumo ao estádio não muito longe dali. Batucadas, gritos e muita ansiedade faziam parte de cada cara cabeludo, de cada garota de saia de vinil ou cabelo vermelho, todos nós mal podíamos acreditar. Mais uns passos e pronto: estávamos no portão da pista premium. Entramos, fomos revistados, nos entregaram o ingresso. Ah, o ingresso! ESTÁVAMOS DENTRO! Mal acreditei quando passei a catraca e a moça colocou a pulseira no meu braço. PISTA PREMIUM. NA FAIXA.

Os shows foram perfeitos. Depois de toda a adrenalina e preparação pudemos conferir os grandes e carismáticos mestres alí, na cara do gol. A banda paulista Armored Dawn abriu – e muito bem por sinal- os trabalhos naquela tão esperada tarde. Fazendo um viking metal de respeito, os caras arrepiaram a galera com uma homenagem a André Matos e riffs poderosos. Virei fã de carteirinha. Depois foi a vez do Europe trazer seu hardão poderoso pro palco. Ver Joey Tempest de perto – que aliás é o rei da simpatia e foi pra galera várias vezes – foi bem surreal e ouvir Last Look At Eden me arrepiou até os pelinhos do nariz. Não preciso nem dizer que as clássicas Carrie e Final Countdown marcaram presença e fizeram a alegria geral da nação! O Helloween subiu pontualmente ao palco para delírio dos bangers de plantão. Carismáticos, sorridentes e cheios de energia os caras levantaram a galera com hits da Pumpkins United World Tour, que traz a junção de todas as fases da banda e reúne os vocais Andi Deris, Michael Kiske e o guitarrista Kai Hansen. Um espetáculo à parte. Com 5 minutos de antecedência foi a vez do lindáão David Coverdale mostrar do que seu Whitesnake era capaz. Fiquei ali, embaixo do cara enquanto ele cantava e posso dizer, ele estava muito bem! Claro que o vocalista jamais voltará a alcançar a qualidade vocal do passado, mas estava muito bem sim, obrigado, em relação ao show do Monsters of Rock de 2013, por exemplo, e também ao mal fadado “The Purple Album” (2015). Queimei minha língua com gosto ao atestar a boa qualidade vocal do cara. E sim, me arrepiei muito durante o show, em especial no solo poderoso de batera do grande Tommy Aldridge. Hora de pegar o lenço e se emocionar: Scorpions no palco! Difícil dizer o que essa banda representa pra mim. Bom, foi a primeira banda que eu gostei quando ainda era criança e sim, foi com Wind of Change que os conheci, música que aliás me levou às lágrimas. Estava tudo perfeito na apresentação dos caras: o set list, que incluiu desde sons setentistas aos grandes hits e baladas celebradas; o carisma de Klaus Meine e Rudolf Schenker e a batera “voadora” de Mikkey Dee. Gigantes!

 

Mas como tudo na vida também tem seu lado chatinho fica aqui minha pequena observação a respeito de dois acontecimentos que em momento algum estragaram meu dia e minha noite, mas que me fizeram refletir enquanto observava:

– Se você não quer ser empurrado ou não quer contato físico com absolutamente ninguém, jamais vá a um show de rock (ou a qualquer outro tipo de show) de pista. Prefira o setor das cadeiras ou arquibancadas, porque contato físico na pista é inevitável.

– Entendo que você esteja animado (a) com os shows e queira registrar tudo, mas procure curtir o momento também. Tire fotos, filme trechos, mas também dance, cante, troque energia com os músicos! Especialmente se você estiver numa grade. Vi gente de cabeça baixa, no facebook, enquanto o Coverdale estava alí bem na frente, cantando, sorridente. Isso não se faz com um artista. Mais consciência galera!

Bronquinhas da titia à parte, o mais importante é que um dia que jamais pensei que seria tão perfeito aconteceu, foi real e estará guardado na memória pra sempre. Cagadas acontecem, sim! E nós estarmos nesse festival foi uma delas. Então, que mais cagadas aconteçam!

 

Postado ao som do álbum “Humanity: Hour I” (2007), Scorpions.

Sobre rosegomes

Rose,Tia Rose, Desert Rose ou só Desert, como quiser. Jornalista por formação, amante de boa música e boa bebida. Traz no currículo a pretensão de ser um Fábio Massari de saias. Contato: cademeuwhiskey@gmail.com
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